Secretário de Agricultura se reúne com o setor citrícola para planejar ações contra o cancro cítrico

O secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Arnaldo Jardim, esteve em Campina no dia 6 de outubro, onde se reuniu com representantes do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA/SAA) e da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI/SAA), com o objetivo de discutir as propostas para o cumprimento da Instrução Normativa (IN) n.º 37, que determina novos critérios e procedimentos para o estabelecimento e a manutenção do status fitossanitário relativo ao cancro cítrico, doença que ataca todas as variedades e espécies de citros. O encontro foi realizado após um mês de publicada, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a IN n.º 37, a qual tem o prazo de seis meses para ser implementada.

A reunião estabeleceu ações que deverão ser efetivadas em um trabalho integrado entre os órgãos da Secretaria de Agricultura (CDA, CATI e Apta), comissões técnicas, Câmara Setorial, agrônomos e produtores. Entre as atividades, planejou-se um seminário internacional e uma série de capacitações.

“A normativa federal foi uma grande conquista e atendeu à demanda da Secretaria e de todo o setor, no sentido de aprimorar a legislação para aumentar a agilidade e a segurança fitossanitária, colaborando, inclusive, com a comercialização dos produtos citrícolas. No entanto, outras ações devem complementar a norma. Uma delas é o estabelecimento de uma legislação estadual, a qual já está sendo trabalhada pela Câmara Setorial da Secretaria, além de atuações informativas e educativas”, avaliou Arnaldo Jardim. “Faz cinco anos que o setor batalhava por mudanças. Graças ao secretário Arnaldo, ao ministro do MAPA Blairo Maggi e ao empenho de todo o setor, estamos caminhando para as mudanças tão aguardadas”, diz Alberto Amorim, secretário-executivo da Câmara Setorial da Secretaria.

Para Lourival Carmo Monaco, presidente do Fundecitrus, o momento é de incentivar o citricultor a não abandonar sua produção por conta dos problemas, mas cuidar dela com as ferramentas e possibilidades atuais. “Precisamos nos adaptar à nova realidade do setor citrícola. A grande mudança que precisa se concretizar é a de comportamento dos produtores, ou seja, a capacidade que devem ter para conviver com a doença e outros problemas. Não deixem de cuidar, aprendam as novas formas de controlar: essa é a mensagem”, diz. Antonio Juliano Ayres, gerente-geral do Fundecitrus, complementa Mônaco. “Pedimos apoio da Secretaria de Agricultura no sentido de fazer chegar aos agricultores as informações, tecnologias e pesquisas que necessitam acessar. Não podemos esperar, pois as chuvas estão chegando, a doença se expandindo e precisamos de um plano estratégico para minimizar os efeitos negativos”.

Segundo Fernando Buchala, coordenador da CDA, o governo e o setor iniciam uma nova filosofia de trabalho onde cada ator não mais desempenha individualmente suas funções. “A integração é a palavra de ordem e a ação só terá sucesso com o envolvimento de todos. À CDA cabe o processo de vistorias e certificação; a pesquisa deve se comprometer com estudos sobre os novos sistemas; a extensão se responsabiliza por fazer chegar as informações ao homem do campo; e aos produtores fica a tarefa de cumprir com suas responsabilidades”.

De acordo com João Brunelli Júnior, coordenador da CATI, o apoio da entidade sempre vai ao encontro do setor. “Somos favoráveis à ideia de educação sanitária. Nesta ação conjunta, a CATI tem a capilaridade de estar presente em todos os municípios paulistas para orientar os pequenos e médios produtores”, avalia.

Ações planejadas

A proposta discutida durante o encontro foi a realização de ações em prol da cadeia produtiva. A primeira atividade de mobilização dos atores envolvidos no setor será a realização de um seminário internacional, com a participação de técnicos agrícolas, citricultores, representantes das indústrias e do governo. “A ideia é apresentarmos e esclarecermos as normativas federal e estadual, conhecer as ações exitosas no combate ao cancro realizadas em outros países como - Argentina, Paraguai e Uruguai - e trocar experiências para que possamos enfrentar juntos e com eficiência as doenças que atacam a citricultura paulista”, explicou Jardim. O seminário está previsto para ser realizado em novembro deste ano, época estratégica, que coincide com o início do próximo ano agrícola, com o final da safra (outubro), que é o período também de aumento de infecção pelo cancro.

Após esse grande encontro, as ações terão continuidade com agendas regionais, capacitações da equipe da Secretaria de Agricultura e treinamentos para outros os profissionais que atuam na extensão rural.


São Paulo irá se adaptar ao sistema de mitigação de risco

A Instrução Normativa estabelece quatro sistemas: área com praga ausente, área livre da praga, área sob erradicação ou suspensão e área sob sistema de mitigação de risco, que é o método que São Paulo irá adotar. “A única forma de eliminar o cancro cítrico do pomar era por meio da eliminação das plantas contaminadas, que por vários motivos tornou-se uma responsabilidade dos produtores e, por isso, houve a expansão da doença. Agora, com a nova legislação, o produtor poderá comercializar as frutas no mercado interno e internacional, desde que adotem as medidas previstas na legislação. O citricultor poderá trabalhar com a presença da praga e, ao mesmo tempo, comercializar o fruto. Há vantagens, no entanto, também há responsabilidades para os produtores”, esclarece Mário Sérgio Tomazela, coordenador-adjunto da CDA.


Citricultura no Brasil e em São Paulo

De acordo com informações de 2014 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a citricultura é uma das mais importantes cadeias agrícolas do Brasil, presente em mais de três mil municípios, em uma área de quase 800 mil hectares. Movimenta R$ 47,5 bilhões por ano, gera R$ 613 milhões em impostos para o País e promove exportações na ordem de US$ 2 bilhões. Além disso, tem uma importante contribuição social, sendo uma das culturas que mais empregam. Atualmente, a cadeia é responsável por 150 mil empregos diretos e indiretos.

De acordo com o Fundecitrus, São Paulo é o principal produtor de citros do País. O estado tem 460 mil hectares plantados, em 11 mil propriedades, espalhadas por 399 municípios. Somente de laranjeiras são 192 milhões de pés, que este ano gerarão uma produção estimada em 245,8 milhões de caixas ou 11 mil toneladas da fruta. É responsável por 77% da produção nacional.

Fonte: CATI

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